• Nutrição enteral: tipos de alimentação, sondas e indicações

A nutrição enteral é uma alternativa terapêutica para alimentar pessoas que não conseguem atingir as necessidades nutricionais mínimas através da alimentação oral1.  Ela tem sido utilizada desde a antiguidade, originalmente por tubos de madeira e vidro. Mas, atualmente, a nutrição enteral pode ser administrada através de uma variedade de tubos/sondas que acessam o trato gastrintestinal, seja no estômago ou pós-pilórico, no intestino delgado1,2

O tipo de sonda usado dependerá do tempo que o suporte nutricional é necessário, enquanto o tipo de dieta administrada através desse tubo dependerá das necessidades nutricionais e de fluidos do paciente. Existem diversos tipos de nutrição por sonda enteral disponíveis, que variam em sua composição de gorduras, proteínas, carboidratos e eletrólitos e até em tipos de embalagem3.

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As sondas utilizadas no estômago normalmente apresentam calibre maior e são mais em conta financeiramente do que as sondas utilizadas no intestino delgado. O procedimento de passagem é mais simples e a frequência de obstrução é menor que a das sondas intestinais7

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Curioso é que, da mesma forma que diferentes tipos de alimentação na antiguidade, relata-se também o uso de sondas de nutrição desde os banquetes da Roma pré-cristã, quando substâncias eram administradas com a finalidade de induzir vômitos. Isto permitia aos antigos romanos retornar aos seus festins e comer novamente, concluir negócios e reduzir o risco de envenenamento7.

Este procedimento para administração de eméticos ou catárticos foi mantido até meados do século 18. Naquele período é que surgiram novos materiais mais flexíveis, auxiliando na nutrição em pacientes incapacitados de deglutir7.

Aproximadamente 250 anos após o início de sua aplicabilidade na prática clínica, sondas de nutrição estão sendo cada vez mais indicadas para ingestão de nutrientes e administração de medicamentos, quando isto não é possível pela via oral7.

Riscos de complicações

Independentemente do tipo de sonda, sua passagem é um procedimento invasivo, com técnicas e indicações específicas. Por isso, há o risco de complicações mecânicas, metabólicas e gastrintestinais, como7:

  • Lesões de decúbito;
  • Obstruções;
  • Deslocamentos e eliminação da sonda;
  • Distúrbios eletrolíticos;
  • Hiperglicemia;
  • Distúrbio de realimentação;
  • Regurgitação;
  • Vômitos;
  • Diarreia;
  • Obstipação;
  • Pneumatose intestinal;
  • Necrose jejunal.

 

 

Vias para nutrição enteral

Existem três vias de alimentação enteral: nasogástrica, gastrostomia endoscópica percutânea e jejunal. A gastrostomia endoscópica percutânea e jejunal apresentam risco de infecção durante o processo de inserção do tubo, bem como durante a administração da dieta2,6.

 

Via Nasogástrica

A nutrição enteral via nasogástrica é realizada por um tubo inserido pelo nariz, até no estômago. A inserção dessa sonda é um processo simples e muitas vezes é feito à beira do leito pela equipe de enfermagem2,6.

Esse tipo de alimentação é indicado para pacientes com disfagia ou que não estão conseguindo comer o suficiente para atender às suas necessidades nutricionais2.

Nutrição por Gastrostomia Endoscópica Percutânea

Consiste na administração de dieta enteral diretamente no estômago através de um tubo colocado percutaneamente no órgão, sob orientação endoscópica2.

Essa via alimentar é usada em pacientes com disfagia ou naqueles que não conseguem comer ou beber o suficiente para atender às suas necessidades nutricionais2.

Nutrição Jejunal

Consiste na administração de dieta enteral pós-pilórica, no jejuno. Este método é usado em pacientes com obstrução gastrointestinal superior, dismotilidade do intestino anterior, refluxo gastroesofágico grave com risco de aspiração e aqueles que necessitam de repouso pancreático devido à pancreatite2,8.

 

 

Referência:

  1. ARAÚJO, Izabelle Silva; SANTOS, Helânia Virginia Dantas. Guia multiprofissional de orientação para pacientes em uso de nutrição enteral domiciliar. 2017. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/hu-univasf/saude/GuiaNutrioEnteral2.pdf. Acesso em março de 2023.
  2. MALHI, Hardip. Enteral tube feeding: using good practice to prevent infection. British Journal of Nursing, v. 26, n. 1, p. 8-14, 2017.
  3. BEST, Carolyn. Enteral tube feeding and infection control: how safe is our practice?. British Journal of Nursing, v. 17, n. 16, p.1036-1041, 2008.
  4. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTROLOGIA. Terapia nutrológica oral e enteral em pacientes com risco nutricional. 2008. Disponível em: https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia-nutrologica-oral-e-enteral-em-pacientes-com-risco-nutricional.pdf. Acesso em março de 2023.
  5. SERON-ARBELOA, Carlos et al. Enteral nutrition in critical care. Journal of clinical medicine research, v. 5, n. 1, p. 1, 2013. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3564561/. Acesso em março de 2023.
  6. LAIS, Lúcia Leite; VALE, Sancha Helena de Lima (orgs.). Guia de Nutrição Enteral Ambulatorial e Domiciliar. 2018. Disponível para download em: https://arquivos.info.ufrn.br/arquivos/2020114034a74d7702302d82d6e825ef1/2018_GUIA_DE_NUTRIO_ENTERAL_AMBULATORIAL_E_DOMICILIAR.pdf. Acesso em março de 2023.
  7. GORZONI, Milton Luiz; DELLA TORRE, Anderson; PIRES, Sueli Luciano. Medicamentos e sondas de nutrição. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 56, p. 17-21, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ramb/a/4yLq9zCJKqcQyB3HF6P9P9m/?lang=pt&format=pdf. Acesso em março de 2023.
  8. BELSHA, Dalis et al. Assessment of the safety and efficacy of percutaneous laparoscopic endoscopic jejunostomy (PLEJ). Journal of Pediatric Surgery, v. 51, n. 3, p. 513-518, 2016.

 

Publicado em 07 de Fevereiro de 2024

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