• Entenda qual a oferta energética ideal para o paciente crítico

A adequação da oferta energética ao paciente crítico representa um importante desafio1. Isso porque tanto a subalimentação quanto a superalimentação têm sido associadas a resultados negativos em pacientes críticos2. No mais, de forma geral, a desnutrição é um dos maiores problemas em pacientes internados, principalmente, em uma Unidade de Terapia Intensiva3.

Em pacientes de unidade de terapia intensiva (UTI), fatores como estresse metabólico, catabolismo, imobilização prolongada e oferta nutricional inadequada podem estar relacionados com balanço energético negativo, situação que ocorre quando o gasto de energia supera a ingestão4,5.

Dessa forma, a depleção de massa magra é muito comum em pacientes críticos e a incidência de desnutrição aumenta ao longo do tempo para aqueles que necessitam de hospitalização prolongada3.

A deficiência energético-proteica ocorre em 38% a 78% dos pacientes críticos. Ela é parte do processo do desenvolvimento do quadro clínico ou de procedimentos terapêuticos em paciente internado em uma UTI6.

Diversas variáveis podem influenciar significativamente no processo de desnutrição devido à oferta energético-proteica insuficiente durante o processo de terapia nutricional3.

 

O que contribui com incidência de desnutrição energético-proteica?

Essa inadequação, associada a fatores de interrupção da administração de dieta enteral, quando o paciente faz uso dessa via para nutrição, podem contribuir significativamente para a incidência de desnutrição energético-proteica em pacientes de UTI e aumento na prevalência de morbimortalidade3.

Na maioria dos casos, a terapia nutricional enteral, que é a primeira opção quando a alimentação pela via oral não é possível, frequentemente resulta em oferta insuficiente de energia. E um dos motivos importantes para isso é a própria interrupção da administração da terapia nutricional. Inúmeros fatores podem levar à interrupção no fornecimento da fórmula enteral, tais como intolerância gastrointestinal e jejuns para exames e procedimentos1.

 

Oferta energética ideal para o paciente crítico

Como já mencionado, a determinação precisa das necessidades energéticas dos pacientes é de grande importância, pois o suporte nutricional adequado é um componente chave para um resultado clínico positivo2.

As diretrizes indicam a calorimetria indireta como método de avaliação das necessidades energéticas em pacientes críticos, quando disponível2. Esse método é recomendado devido a sua acurácia e por ser menos invasivo, uma vez que envolve a mensuração de gasto energético a partir do consumo de oxigênio e da produção de gás carbônico3.

No entanto, a meta calórica ideal para pacientes críticos ainda é um assunto de debate no meio científico, sendo uma questão não tão objetiva e clara entre os pesquisadores dessa área2

De acordo com as diretrizes publicadas em 2016 pela Society of Critical Care Medicine (SCCM) e American Society of Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN), a meta calórica ideal em pacientes adultos criticamente doentes tem como base recomendações energéticas calculadas por meio de fórmulas de bolso com valores entre 25 e 30 kcal/kg/dia, ou equações preditivas específicas para esse público, principalmente quando a calorimetria indireta não está disponível2, realidade muito comum na maioria dos hospitais do nosso país.

 

 

 

Referências:

  1. OLIVEIRA, Natália Sanchez et al. Impacto da adequação da oferta energética sobre a mortalidade em pacientes de UTI recebendo nutrição enteral. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 23, p. 183-189, 201 Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbti/a/GFcc94PRqDdKxnxTDLJhFjD/?lang=pt. Acesso em fevereiro de 2023.
  2. NDAHIMANA, Didace; KIM, Eun-Kyung. Energy requirements in critically ill patients. Clinical nutrition research, v. 7, n. 2, p. 81, 2018. Disponível em: https://e-cnr.org/DOIx.php?id=10.7762/cnr.2018.7.81. Acesso em fevereiro de 2023.
  3. SANT’ANA, Ilma Edinalva Silva; MENDONÇA, Simone Sotero; MARSHALL, Norma Guimarães. Adequação energético-proteica e fatores determinantes na oferta adequada de nutrição enteral em pacientes críticos. Comun. ciênc. saúde, p. 47-56, 2012. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/revista_ESCS_v23_n1_a04_adequacao_energetico_proteica.pdf. Acesso em fevereiro de 202
  4. THIBAULT, Ronan; PICHARD, Claude. Nutrition and clinical outcome in intensive care patients. Current Opinion in Clinical Nutrition & Metabolic Care, v. 13, n. 2, p. 177-183,2010.
  5. SINGER, Pierre et al. Considering energy deficit in the intensive care unit. Current Opinion in Clinical Nutrition & Metabolic Care, v. 13, n. 2, p. 170-176, 2010.
  6. LEW, Charles Chin Han et al. Association between malnutrition and clinical outcomes in the intensive care unit: a systematic review. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, v. 41, n. 5, p. 744-758, 2017.

 

Publicado em 17 de Janeiro de 2024

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