• Como lidar com problemas de deglutição?

A deglutição é um ato complexo, que inclui atividades voluntárias e reflexas, envolvendo diferentes músculos e nervos. Tem a função de levar o alimento da boca até o estômago, além de proteger as vias aéreas. Ela é dividida em três fases: oral, faríngea e esofágica1.

 

Fases da deglutição

1. Fase oral

A fase oral da deglutição se inicia quando mordemos o alimento ou o introduzimos na boca. Essa fase é a única que comandamos por nossa própria vontade2.

 

Após a introdução do alimento na boca, a deglutição segue com a mastigação para triturar o alimento e a movimentação do bolo alimentar dentro da boca. Finalizada esta etapa, o alimento é posicionado no centro da língua, os lábios se fecham e a língua faz um movimento ondulatório para trás, pressionando o alimento contra o palato, que também se fecha impedindo que o bolo entre na cavidade nasal. Com esta pressão o alimento se desloca para o fundo chegando até a faringe2.

 

2. Fase faríngea

Após o movimento ondulatório da língua, o bolo alimentar chega à faringe. Nesta fase, que dura aproximadamente um segundo, o palato mole e a úvula fecham completamente a ligação com o nariz, impedindo que o alimento suba para esta região2.

 

Nesse momento, a respiração é interrompida e a laringe se movimenta para cima fechando estruturas importantes que estão em seu interior, como as pregas vocais vestibulares e epiglote, para impedir que o alimento se direcione para as vias aéreas e pulmões. Finalmente, é aberta a transição para o esôfago, próximo órgão que transportará o alimento. Nesta fase, a deglutição é involuntária2.

 

3. Fase esofágica

Essa fase da deglutição dura aproximadamente 5 segundos e é involuntária. Ela se inicia com a abertura da transição entre a faringe e o esôfago, em seguida se desencadeiam ondas peristálticas que transportam o alimento até o estômago2.

 

O que é disfagia?

A disfagia é um distúrbio da deglutição causado por alterações em uma ou mais fases da deglutição, decorrente de causas neurológicas e/ou estruturais1. A disfagia coloca o indivíduo em risco de aspiração pulmonar, desnutrição e/ou desidratação. As causas mais comuns são2:

 

  • AVE (Acidente Vascular Encefálico ou derrames);
  • Traumatismos cranianos;
  • Ferimentos por arma de fogo na região da cabeça e do pescoço;
  • Doença de Parkinson;
  • Alzheimer e outras demências;
  • Tumores do sistema nervoso, em região da cabeça e pescoço e do sistema digestivo;
  • Esclerose lateral amiotrófica (ELA);
  • Esclerose múltipla;
  • Distrofias musculares;
  • Miastenias graves;
  • Polineuropatia do doente crítico;
  • Osteófito (bico de papagaio) e cirurgia cervical;
  • Intubação;
  • Traqueostomia;
  • Rebaixamento do nível de consciência;
  • Delirium;
  • Efeitos colaterais de alguns tratamentos medicamentosos;
  • Efeitos colaterais da radioterapia;
  • Envelhecimento: seus efeitos isoladamente não causam disfagia, mas deixam o mecanismo da deglutição mais vulnerável.

 

Como lidar com a disfagia?

A disfagia pode trazer algumas consequências para os pacientes. Entre as complicações mais frequentes estão a entrada de alimento nas vias aéreas causando tosse, sufocação/asfixia, aspiração laringotraqueal e problemas pulmonares. Além disso, ela pode levar à desidratação, perda de peso e morte1.

A disfagia é um achado comum durante o processo de internação hospitalar e é um sintoma, como visto, de diferentes patologias de base.

Em hospitais, existe uma prevalência conjunta de risco de disfagia e de desnutrição. Dessa forma, é preciso alertar profissionais de saúde para a importância do rastreamento precoce destas condições, que influenciam significativamente na qualidade de vida, na morbimortalidade, na recuperação e no prognóstico dos pacientes4.

Logo, para dar conta de abranger o controle da disfagia é necessário um fonoaudiólogo. Esse profissional auxilia na comunicação e deglutição do paciente, atuando na prevenção e diminuição das sequelas causadas à linguagem, deglutição e motricidade orofacial do paciente4.

O diagnóstico precoce e a classificação da gravidade da disfagia possibilitam uma recuperação eficiente e, em conjunto com a nutrição adequada, aumentam as possibilidades de reintegração do paciente à sociedade após a alta hospitalar4.

E ainda, essa união das duas especialidades proporciona melhor qualidade de vida, por meio de estratégias de reabilitação e monitoramento dessas funções nos pacientes4.

 

 

Referências:

  1. PANSARINI, Amanda Checchinato et al. Deglutição e consistências alimentares pastosas e sólidas: revisão crítica de literatura. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 17, p. 357-362, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsbf/a/PKdHBVyHncHgKNwrbpVCqVj/?lang=pt. Acesso em fevereiro de 2023.
  2. SBBG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia). Deglutição. Disponível em: https://sbgg.org.br/espaco-cuidador/degluticao/.
  3. CBCD (Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva). Disfagia: definição, sintomas associados, causas e diagnóstico. 2022. Disponível em: https://cbcd.org.br/biblioteca-para-o-publico/disfagia-definicao-sintomas-associados-causas-e-diagnostico/. Acesso em fevereiro de 202
  4. OLIVEIRA, Renata Maiana de Almeida Ferreira; GUIMARÃES, Sthefani Sávia Dantas; SILVEIRA, Matheus Sobral. Nutrição e fonoaudiologia no tratamento da disfagia: uma revisão de literatura. Revista Ciência (In) Cena, v. 1, n. 11, p. 28-39, 2020. Disponível em: http://periodicos.estacio.br/index.php/cienciaincenabahia_old/article/viewFile/8494/pdf8494. Acesso em fevereiro de 2023.

 

Publicado em 31 de Janeiro de 2024

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