• Tipos de doação de sangue: Entenda quais são!

A doação de sangue é uma prática muito importante para os hospitais e hemocentros. Isso porque uma única doação pode salvar até quatro vidas. O sangue doado pode ser utilizado no tratamento de pessoas com doenças hematológicas variadas, como doença falciforme e talassemia, além de doenças crônicas como o câncer, situações de cirurgias eletivas de grande porte, transplantes e situações de urgências, emergências e calamidades1.

De acordo com o 9º Boletim de Produção Hemoterápica, quase 4 milhões de pessoas procuraram a rede de coleta de sangue em 2020, representando 1,45% da população brasileira. Destes, 3,3 milhões de doações estavam aptas. E mais de 4,8 milhões de hemocomponentes foram produzidos através das doações de sangue2.

 

Tipos de doação de sangue

O sangue é um tecido conjuntivo humano, conhecido também por tecido sanguíneo. Ele se difere dos demais tecidos, porque pode ser coletado e separado em seus hemocomponentes3.

Os hemocomponentes são produtos derivados a partir do processamento do sangue. Cada hemocomponente constituirá um dos vários produtos hemoterápicos, que serão preservados in vitro, de modo que cada um deles possa ser selecionado e transfundido no momento oportuno 4.

Existem duas formas de obtenção de hemocomponentes: doação de sangue total e doação por meio de aférese4,5.

 

Doação de Sangue Total

A doação do sangue total é o tipo mais habitual de doação, onde até 450 ml de sangue são coletados em uma bolsa produzida com materiais e soluções que permitem a preservação do sangue, como anticoagulantes6.

Entretanto, apesar de ser a forma mais comum de coleta de sangue, o sangue total possui uso bastante restrito, ficando reservado a situações muito específicas, como doença hemolítica do recém-nascido5.

Por conta disso, a bolsa de sangue total coletada pode ser processada para a obtenção de outros componentes, como4,5:

  • Concentrado de hemácias;
  • Concentrado de plaquetas;
  • Plasma fresco;
  • Crioprecipitado.

 

A frequência máxima admitida segundo Portaria de regulamento técnico de procedimentos é de 4 doações anuais para o homem, com intervalo mínimo de 2 meses entre as doações, e de 3 doações anuais para a mulher, com intervalo mínimo de 3 meses entre as doações. E o limite de idade para a primeira doação é 60 anos e pesar no mínimo 50Kg6.

 

Leia também: Doação autóloga: entenda tudo sobre a técnica

 

Doação por Aférese

Além da doação de sangue total, outra forma, mais específica e de maior complexidade, é a doação de hemocomponentes por meio de aférese4,5.

A aférese é um procedimento caracterizado pela retirada do sangue do doador, seguida da separação de seus componentes por um equipamento próprio, retenção de um ou mais componentes sanguíneos na máquina e devolução dos outros componentes ao doador4,5.

A vantagem da doação por aférese é a quantidade de hemocomponentes que é possível ser extraído durante uma única coleta. Por exemplo: Cada unidade de Concentrado de Plaquetas unitários obtidos a partir do sangue total contém aproximadamente 5,5 x 1010 plaquetas em 40 a 70 ml de plasma. Já as unidades coletadas por aférese contêm, pelo menos, 3,0 x 1011 plaquetas em 200 a 250 ml de plasma, isso correspondente de 6 unidades de Concentrado de Plaquetas unitários obtidos a partir do sangue total7.

Além disso, os hemocomponentes são utilizados em situações diferentes. Por exemplo: a transfusão de concentrado de hemácias é realizada para tratar ou prevenir iminente e inadequada liberação de oxigênio aos tecidos, ou seja, casos de anemia. Por outro lado, os concentrados de plaquetas são utilizados em casos de plaquetopenias desencadeadas por falência medular, por exemplo5.

Por conta de sua complexidade e demanda de equipamentos, a doação por aférese é menos utilizada nos serviços de hemoterapia. As doações por aférese foram de apenas 2,64%, enquanto as doações de sangue total foram de 97,36% em 20202.

 

Quem pode doar sangue?

A princípio, todos podem doar sangue. A doação de sangue deve ser voluntária, anônima e altruísta, e o doador não pode, de forma direta ou indireta, receber qualquer remuneração ou benefício em virtude da sua realização6.

Os serviços de hemoterapia promovem o acolhimento aos candidatos à doação, realizando a triagem clínica para segurança do receptor. Existem poucos fatores que impedem um indivíduo de doar sangue permanentemente, são eles6:

  • Ter passado por um quadro de hepatite após os 11 anos de idade.
  • Evidência clínica ou laboratorial de doenças transmissíveis pelo sangue, como hepatites B e C, AIDS, doenças associadas aos vírus HTLV I e II e Doença de Chagas.
  • Uso de drogas injetáveis ilícitas.
  • Malária.

 

Entretanto, alguns outros fatores podem ser impeditivos momentâneos à doação de sangue, por exemplo, pessoas com febre, gripe ou resfriado, diarreia recente (na última semana), grávidas e mulheres no pós-parto (até 12 semanas) não podem doar temporariamente6.

 

 

 

 

 

Referências:

  1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Governo Federal reforça importância da doação de sangue [Internet]. Governo do Brasil. 202 Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-sanitaria/2021/11/governo-federal-reforca-importancia-da-doacao-de-sangue.  Acessado em novembro de 2022.
  2. ANVISA. 9º Boletim Anual de Produção de Hemoterápica, 202 Disponível em: Link . Acessado em novembro de 202
  3. FLAUSINO, Gustavo de Freitas et al. The production cycle of blood and transfusion: what the clinician should know. Revista Médica de Minas Gerais. 2015. Disponível em: http://www.gnresearch.org/doi/10.5935/2238-3182.20150047 Acessado em novembro de 2022.
  4. FRESENIUS KABI®. Guia Transfusional para o uso racional de hemocomponentes e suas modificações específicas. Escolher o melhor para o seu paciente está em suas mãos.
  5. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia para uso de hemocomponentes. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. 2 ed., 1. reimpressão, Brasília: Ministério da Saúde, 201 Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_uso_hemocomponentes_2ed.pdf. Acessado em novembro de 2022.
  6. BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 158. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0158_04_02_201html Acessado em novembro de 2022.
  7. BIAGINI, Silvana; ALBIERO, André. Manual de Transfusão. Fundação Pró-sangue Hemocentro de São Paulo, 2ª Edição, 2020. Disponível em: http://prosangue.sp.gov.br/uploads/arquivos/MANUAL%20DE%20TRANS%202020%20RGB.pdf. Acessado em novembro de 2022.

 

 

Publicado em 31 de Maio de 2023

DIG049