• Reposição hidroeletrolítica: O que é e qual a sua importância?

A importância da água não se restringe ao fato de ser ela o maior componente do organismo: ela também desempenha importante papel no metabolismo em geral1.

A proporção de água na constituição dos diferentes órgãos e tecidos varia amplamente, indo de apenas 3% no esmalte dentário até mais de 73% nos músculos estriados e tecido nervoso central1.

Indivíduos saudáveis mantêm a água corporal total num valor constante. Esse estado de equilíbrio é obtido por uma igualdade entre o aporte total de líquido e o débito urinário e de perdas não renais insensíveis de água2. 

Entretanto, quando ocorre divergência da proporção entre aporte e débito, há o chamado desequilíbrio hídrico3. 

 

As principais causas de depleção de volume de água4,5

Perdas renais

  • Déficit hormonal;
  • Déficits renais.

Extra-renais

  • Hemorragia;
  • Perdas cutâneas (sudorese e queimaduras);
  • Perdas gastrointestinais (vômitos, distúrbios diarreicos, fístulas gastrointestinais, drenagens por sondas). 

 

Distúrbios Eletrolíticos

Distúrbios hidroeletrolíticos estão entre os problemas clínicos mais comuns em pacientes em Unidade de Terapia Intensiva e estão associados ao aumento de morbidade e mortalidade entre os pacientes críticos6. Dessa forma, é importante que os profissionais capacitados possam observar e identificar alterações de desequilíbrios hidroeletrolíticos que comprometem os diversos órgãos e sistemas do organismo do paciente crítico3. 

A análise e a investigação clínica dos distúrbios hidroeletrolíticos contemplam uma série de avaliações, como: avaliação da pressão sanguínea, do pulso, da respiração, do edema, do turgor da pele, do volume de diurese, da necessidade de infusão endovenosa, dos medicamentos que alteram o equilíbrio hídrico/eletrolítico e, também, da observação da prescrição médica quanto à frequência de controles e/ ou os cuidados com a ingestão e a eliminação, a cada hora, turno e a cada 24 horas7.

 

Fique atento: alterações de peso a curto prazo, normalmente indicam alterações no estado hídrico e não mudanças do ponto de vista nutricional. Cada quilograma de peso equivale a 1 litro de líquido8.

 

Reposição Hidroeletrolítica

Com o desequilíbrio hídrico se faz necessário a reposição hidroeletrolítica, ou seja, a reposição dos fluidos e eletrólitos perdidos em 24 horas, seja através da pele, dos pulmões, urina e outros fluidos corporais. A necessidade básica de líquidos e eletrólitos corresponde à somatória das perdas ocorridas nas últimas 24 horas.

A reposição normalmente acontece via endovenosa, mas alguns pacientes que necessitam de reposição hidroeletrolítica podem precisar de reposição por outras vias, como a hipodermóclise, que se trata de um acesso para administração subcutânea. São eles9:

 

  • Pacientes desidratados (leve a moderada);
  • Pacientes com difícil acesso venoso periférico;
  • Pacientes com restrições para a administração de medicamentos via oral;
  • Pacientes com nível de consciência alterado ou com dano cognitivo grave;
  • Pacientes em que a desidratação que não exija reposição rápida de volume.

 

De todo modo, é importante se atentar para os resultados do balanço hídrico, uma vez que eles orientam os caminhos do cuidado, identificando complicações ou distúrbios que podem ser prevenidos ou minimizados, mediante a sua adequada realização10,11.

 

 

 

 

 

Referências

  1. CENEVIVA, Reginaldo et al. Equilíbrio hidroeletrolítico e hidratação no paciente cirúrgico. Medicina (Ribeirão Preto), v. 41, n. 3, p. 287-300, 2008. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/274/275. Acesso em dezembro de 2022.
  2. MARQUES NETTO, Shana et al. Análise dos registros referentes ao balanço hídrico em unidade de terapia intensiva. 2015. Disponível em: Link. Acesso em dezembro de 202
  3. FIGUEIREDO, Mariangela Aparecida Gonçalves et al. Balanço hídrico em unidade de terapia intensiva. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, v. 11, 2021. Disponível em: http://www.seer.ufsj.edu.br/recom/article/view/4286/2776. Acesso em dezembro de 2022.
  4. Goldman L, Auselio D. Cecil - Tratado de Medicina Interna. 2th. Rio de Janeiro: Elsevier; 2005. p. 771-811.
  5. LEWIS III, James L. Depleção de volume. 2022. In: Manual MSD. Disponível em: Link. Acesso em dezembro de 2022.
  6. LEE, Jay Wook. Fluid and electrolyte disturbances in critically ill patients. Electrolytes & Blood Pressure: E & BP, v. 8, n. 2, p. 72, 2010. Disponível em: https://synapse.koreamed.org/upload/synapsedata/pdfdata/0158ebp/ebp-8-72.pdf. Acesso em dezembro de 2022.
  7. Temple JS, Johnson JY. Guia para procedimentos de enfermagem. 4th ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul; 2000. p. 43-9.
  8. Wilkinson JM, Leuven KV. Fundamentos de Enfermagem: teoria, conceitos e aplicações. 1th v. São Paulo: Roca; 2010. p. 1055-95.
  9. NASCIMENTO, Lívia Sayonara de Sousa. Uso de hipodermóclise em adultos. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/hulw-ufpb/acesso-a-informacao/gestao-documental/pop-procedimento-operacional-padrao/2020/uti-unidade-de-terapia-intensiva-2/pop-uti-013-uso-de-hipodermoclise-em-adultos.pdf. Acesso em dezembro de 2022.
  10. GOMES, Priscila Pereira de Souza et al. Water balance in pediatric nephrology: construction of a Standard Operating Procedure. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 71, p. 1404-1411, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/5ypnBdSYBHsVQqF8Rx5T4sn/?lang=en. Acesso em dezembro de 2022.
  11. COREN. Conselho Regional de Enfermagem de Goiás. Resolução COFEN nº 450/2013. Parecer Normativo para Atuação da Equipe de Enfermagem em Sondagem Vesical. Disponível em: http://www.corengo.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Parecer-COREN-030.2019-Balan%C3%A7o-H%C3%ADdrico.pdf. Acesso em dezembro de 2022.

 

 

Publicado em 21 de Junho de 2023

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