• Principais aspectos para introdução de uma dieta enteral adequada.

Muitos pacientes enganam-se ao pensarem que a nutrição enteral, necessariamente, alterará a via principal de alimentação e modificará ou eliminará o prazer da ingestão oral (sabor, textura, aroma). É claro que, algumas vezes, intervenções mais invasivas ocorrem a fim de garantir o suporte nutricional adequado do paciente. Mas nem sempre isso é fato pois, a terapia de nutrição enteral (TNE) pode ocorrer via oral ou por sonda.

Quando sondas são necessárias, é preciso compreender que esse é um recurso de extrema importância para manter ou recuperar o estado nutricional de um indivíduo. A nutrição enteral pode ser parte fundamental de uma estratégia terapêutica que garanta a vida e aumente a segurança e o bem-estar do paciente, suprindo suas necessidades de micro e macronutrientes.1

 

Para tanto, é importante que ela forneça uma composição adequada em nutrientes e calorias. Por isso, neste texto vamos abordar a importância alguns pontos da administração e composição de uma dieta enteral, esclarecer quais são as possibilidades disponíveis e como melhor utilizar a diversidade de recursos que existem hoje para facilitar o trabalho dos profissionais de saúde e potencializar os resultados dos pacientes.

 

O que é a nutrição enteral?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) define o conceito de nutrição enteral, conforme Resolução da Diretoria Colegiada nº 503, de 27 de maio de 2021, como “alimentação para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição química definida ou estimada, especialmente elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializados ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção de tecidos, órgãos ou sistemas”.

 

A Anvisa2, nessa mesma RDC, classifica a nutrição enteral em duas categorias:

Em seu guideline sobre nutrição enteral em ambiente doméstico, a European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN) acrescenta, ainda, que normalmente a nutrição enteral é iniciada em ambiente hospitalar e continuada como terapia domiciliar de longo prazo, assegurando-se os critérios de cuidados para alcançar bom prognóstico e qualidade de vida ao paciente.3

Possibilidades de uso da nutrição enteral

A Associação Britânica para Nutrição Enteral e Parenteral (Bapen) divide a nutrição enteral em duas possibilidades de uso: por via oral e por meio de sondas. A nutrição enteral por via oral é utilizada quando o paciente não consegue comer alimentos suficientes devido à redução do apetite, por dificuldades no processo de deglutição ou porque o organismo necessita de um aporte de energia aumentado devido a determinada doença ou situação clínica.

Dessa forma, existem produtos para suplementação enteral que podem ser consumidos e fornecem mais energia e nutrição do que os alimentos comuns. Assim, os pacientes não precisam consumir grandes quantidades para obter a nutrição adequada5.

A nutrição enteral, entretanto, é mais conhecida por sua administração por meio de sonda, que leva o alimento líquido diretamente aos órgãos do trato digestivo. Ela é utilizada quando existe uma dificuldade significativa de deglutição, em doenças obstrutivas de cabeça e pescoço, esôfago ou estômago ou após radioterapia, por exemplo, condições que dificultam a alimentação via oral. No entanto, é fundamental que a função do trato intestinal esteja parcial ou totalmente íntegra3,5.

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Como considerar a via de acesso da nutrição enteral?

A seleção da via de acesso à terapia de nutrição enteral (TNE) deve considerar alguns critérios. Inicialmente, é preciso atentar-se ao período provável de terapia. Nos casos em que o paciente não responde ao aporte via oral, e a terapia prevista é de curta duração, parte-se para a colocação de sonda nasoenteral, com posicionamento gástrico, duodenal ou jejunal. De acordo com as diretrizes da ESPEN, curto prazo corresponderia a um período entre 4 e 6 semanas3.

Para períodos superiores 6 semanas, recomenda-se a ostomia de nutrição (gastrotomia, jejunostomia ou gastrojejunostomia). Nesses casos, o objetivo é reduzir o risco de broncoaspiração, sobretudo em pacientes com déficit neurológico, doença esofágica, distúrbio de deglutição, obstrução gástrica, gastroparesia e histórico de aspiração4.

Uma vez que as sondas são colocadas, é necessário ficar alerta a possíveis complicações que, em geral, são relacionadas à própria sonda de alimentação seja em razão de posicionamento, obstrução ou saída do equipamento. É importante, ainda, observar complicações psicológicas que podem ser originárias da monotonia alimentar, autoimagem prejudicada, depressão e ansiedade, inatividade e desconforto pela presença da sonda4.

 

Escolha da dieta

Tão importante quanto avaliar a necessidade do paciente com relação à via de acesso da TNE é observar as variáveis na seleção da dieta. Em geral, elas envolvem4:

  • Densidade calórica – quantidade de calorias fornecida por mililitro de dieta pronta. Pacientes com restrições hídricas têm indicação de dieta com densidade calórica de 1,5 a 2,0 kcal/ml.
  • Osmolaridade/osmolalidade – como padrão, costuma-se usar a osmolalidade (mOs/Kg água). Fórmulas para uso geral costumam ter entre 300 e 500 mOs/kg. Fórmulas de alta densidade calórica podem ter entre 400 a 700 mOs/kg, enquanto as hidrolisadas chegam a até 900 mOs/Kg.
  • Fórmula vs. Via e tipo de administração – a nutrição enteral pode ser não-industrializada ou industrializada e os tipos de administração podem variar entre Intermitente (boulos, gravitacional ou com bomba infusora) e Contínua.
  • Fonte e complexidade de nutrientes – as dietas podem ser poliméricas (rica em macronutrientes, especialmente proteína na forma de polipeptídeos), oligoméricas (também rica em macronutrientes, em especial proteína, mas na forma de oligopeptídeos) e monoméricas ou elementares (rica em macronutrientes, especialmente proteínas, mas na forma totalmente hidrolisada e, em geral, com baixo teor de lipídeos).
  • Desenho da fórmula e indicação clínica – incluem dietas caseiras artesanais, Blender, dietas industrializadas em pó, dietas industrializadas líquidas semi-prontas, dietas industrializadas liquidas prontas (sistema fechado).

 

Contribuições da Fresenius Kabi para nutrição enteral e parenteral

A Fresenius Kabi é uma empresa de assistência médica global especializada em medicamentos capazes de salvar vidas e tecnologias para infusão, transfusão e nutrição clínica. Os produtos são utilizados como auxílio em tratamentos de pacientes críticos e crônicos.

 

Dentre outros produtos, o portfólio disponibilizado pela empresa compreende terapias de infusão; produtos para nutrição clínica e dispositivos usados para administração de terapias enterais e parenterais. O desenvolvimento dessas opções nutricionais compreende uma grande variedade de formulações para se adequar a quadros clínicos diversos. Esses produtos também são elaborados com consistências variadas e buscam sabores que sejam agradáveis para os pacientes que fazem a ingestão oral, facilitando a adesão ao tratamento.

 

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Com a filosofia de "caring for life", o compromisso da Fresenius Kabi é levar tecnologias e medicamentos essenciais às mãos de pessoas que ajudam pacientes a encontrarem as melhores respostas para os desafios enfrentados por cada um deles.

 

 

 

 

 

Referências:

  1. Coppini, L. Z., Sampaio, H., Marco, D., & Martini, C. (2011). Recomendações Nutricionais para adultos em terapia nutricional enteral e parenteral. Projeto Diretrizes. Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Associação Brasileira de Nutrologia. São Paulo. Disponível em: https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/recomendacoes_nutricionais_de_adultos_em_terapia_nutricional_enteral_e_parenteral.pdf
  2. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria Colegiada RDC n° 503, de 27 de maio de 2021. Dispõe sobre os requisitos mínimos exigidos para a Terapia de Nutrição Enteral. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2020/rdc0503_27_05_2021.pdf
  3. Bischoff, S.C. et al. ESPEN practical guideline: Home enteral nutrition. 2021. Disponível em: https://www.espen.org/files/ESPEN-Guidelines/ESPEN_practical_guideline_Home_enteral_nutrition.pdf 
  4. Carreiro, C.S. Terapia Nutricional Enteral. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/457660644/Apostila-Terapia-Nutricional-Enteral-Completa-pdf
  5. BAPEN: the British Association for Parenteral and Enteral Nutrition. Enteral and Parenteral Nutrition. 2018. Disponível em: https://www.bapen.org.uk/nutrition-support/assessment-and-planning/enteral-and-parenteral-nutrition

 

 

Publicado em 02 de Janeiro de 2023

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