• Nutrição e seu papel fundamental na recuperação do paciente

A terapia nutricional é peça fundamental nos cuidados do paciente crítico, pois evidências científicas já comprovam que o estado nutricional interfere diretamente na evolução clínica do doente1.

O paciente desnutrido tem mais chances de desenvolver infecções, tem a cicatrização comprometida, exige maiores cuidados intensivos e permanece internado por mais tempo no hospital e unidade de terapia intensiva (UTI)1.

 

Quais são as necessidades nutricionais?

As alterações do estado nutricional podem surgir como consequência do inadequado aporte de nutrientes ou como resultado de uma alteração no metabolismo2.

Em qualquer um dos casos segue-se a redução da massa corporal magra e a subsequente perda de estrutura e função dos órgãos e tecidos que a compõem. E em ambos os casos, a meta é evitar que a desnutrição chegue a se converter em um cofator importante na disfunção orgânica e na morbimortalidade2.

Isso é possível quando se ofertam nutrientes, ajustando-os em quantidade e qualidade para as exigências do hipermetabolismo, especialmente o catabolismo proteico, quadro normalmente observado nessas circunstâncias2.

Nutrição e cirurgias

O estado nutricional não apenas é importante para pacientes graves, mas também para pacientes cirúrgicos. Isto é, o estado nutricional do paciente fornece a base para a recuperação após a cirurgia6.

A desnutrição pré-operatória e os níveis séricos de albumina estão associados ao aumento da morbidade e mortalidade. No sentido oposto, melhorar a nutrição pré-operatória por 7 a 14 dias antes da cirurgia otimiza os resultados6.

Outro fator alimentar importante é a descontinuação da ingestão excessiva de álcool 4-6 semanas pré-operatórias, uma vez que cessar esse consumo pode estar associado a uma diminuição das complicações pós-operatórias. Os cuidados nutricionais e de boas práticas para melhor recuperação do paciente devem ser seguidos também no pós-operatório, com alimentação precoce e a manutenção de um estado nutricional adequado6.

 

Referências

  1. FERREIRA, Iára Kallyanna Cavalcante. Terapia nutricional em unidade de terapia intensiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 19, p. 90-97, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbti/a/JFbfq3DZrSm75BHtMdvfP8G/?lang=pt&format=pdf. Acesso em janeiro de 2023.
  2. FUJINO, Vanessa; LABNS, Nogueira. Terapia nutricional enteral em pacientes graves: revisão de literatura. Arq Ciênc Saúde, v. 14, n. 4, p. 220-6, 2007. Disponível em: https://repositorio-racs.famerp.br/racs_ol/vol-14-4/ID248.pdf. Acesso em janeiro de 2023.
  3. COMPHER, Charlene et al. Guidelines for the provision of nutrition support therapy in the adult critically ill patient: The American Society for Parenteral and Enteral Nutrition. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, v. 46, n. 1, p. 12-41, 2022. Disponível em: https://aspenjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jpen.2267. Acesso em janeiro de 2023.
  4. SINGER, Pierre et al. ESPEN guideline on clinical nutrition in the intensive care unit. Clinical nutrition, v. 38, n. 1, p. 48-79, 2019. Disponível em: https://www.espen.org/files/ESPEN-Guidelines/ESPEN_guideline-on-clinical-nutrition-in-the-intensive-care-unit.pdf. Acesso em janeiro de 2023.
  5. MCCLAVE, Stephen A. et al. Guidelines for the provision and assessment of nutrition support therapy in the adult critically ill patient: Society of Critical Care Medicine (SCCM) and American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN). JPEN. Journal of parenteral and enteral nutrition, v. 40, n. 2, p. 159-211, 2016.
  6. BISCH, Steven; NELSON, Gregg; ALTMAN, Alon. Impact of nutrition on enhanced recovery after surgery (ERAS) in gynecologic oncology. Nutrients, v. 11, n. 5, p. 1088, 2019. Disponível em: https://www.mdpi.com/2072-6643/11/5/1088#B13-nutrients-11-01088. Acesso em janeiro de 2023.