Novo estudo mostra que 74% dos pacientes com doenças graves em hospitais da América Latina estão de moderada a gravemente desnutridos

18-setembro, 2017As conclusões confirmam, a nutrição parenteral é crucial para o fornecimento energético desejado a pacientes de UTIs

Resultados de um estudo observacional multinacional que investigou o estado nutricional na América Latina, revelam que pacientes de unidades de tratamento intensivo (UTIs) não estão recebendo suporte nutricional. Os resultados foram coletados em 116 hospitais em oito países da América Latina. O estudo observacional no formato de um dia de identificação avaliou 1.053 pacientes com doenças graves que receberam nutrição enteral e/ou parenteral no screening day e no dia anterior. Os resultados mostraram que 74% dos pacientes estavam moderada ou gravemente desnutridos.

Publicado recentemente na renomada revista médica internacional Critical Care, intitulado `Current Clinical Nutrition Practices in Critically Ill Patients in Latin America: A multinational observational study´, os resultados também revelam que 47,6% dos pacientes de UTIs sofriam de déficit proteico e 40,3% de déficit calórico, no screening day.

Uma análise adicional, mostra que os pacientes que receberam uma combinação de nutrição enteral e parenteral tinham menor probabilidade de sofrer de déficits calórico e proteico. Apenas 28,3% dos pacientes que receberam uma combinação de nutrição enteral e parenteral e 36,4% dos pacientes que receberam apenas nutrição parenteral apresentaram um déficit calórico, em comparação com 42,4% dos pacientes que receberam apenas nutrição enteral. De forma similar, 50,3% dos pacientes que receberam apenas nutrição enteral tiveram um déficit proteico, em comparação com apenas 36,2% no grupo que recebeu uma combinação de enteral e parenteral e 37,4% no grupo que recebeu apenas nutrição parenteral.

Portanto, a forma mais eficaz de suporte nutricional parece ser a nutrição parenteral suplementar que aumenta a possibilidade dos pacientes atingirem suas metas energéticas diárias em 64% e a possibilidade de atingirem as metas energética e proteica combinadas em 56%, em comparação com a nutrição enteral sozinha. Apesar disso, a integração da nutrição parenteral suplementar dentro da administração da nutrição atual era baixa nos hospitais participantes, de apenas 11%.

A desnutrição não tratada em hospitais leva a um maior risco de resultados clínicos deficientes, maior taxa de readmissão e maior risco de mortalidade. A dedicação adequada de recursos para assegurar que os pacientes sejam corretamente identificados e avaliados quanto à desnutrição é necessária para minimizar o risco.

“A desnutrição é um problema sério em nossa rotina clínica diária”, afirmou o Dr. Karin Papapietro Vallejo, médico e Chefe de Terapia de Nutrição Clínica do Hospital Clínico de la Universidad de Chile, e um dos autores do estudo. "Nossos achados mais recentes revelam o valor da nutrição parenteral particularmente em pacientes na UTI. Esta informação destaca a importância de implementar um protocolo de nutrição de acordo com diretrizes e recomendações para melhorar o aporte de energia e proteína dos pacientes criticamente doentes hospitalizados".

O Screening Day América Latina é parte da "Unidos pela Nutrição Clínica”, uma iniciativa lançada em 2015 pela Fresenius Kabi, uma empresa global da área de saúde, especializada em nutrição clínica. Para isso, 116 hospitais em oito países latino-americanos (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá e Peru) participaram do estudo que caracterizou a prática da nutrição clínica em 1.053 pacientes de UTIs. Os resultados iniciais e os relatórios do estudo podem ser encontrados no site da campanha: http://www.unitedforclinicalnutrition.com.  

 

Sobre a "Unidos pela nutrição clínica"

Lançada em maio de 2015 pela Fresenius Kabi, a Unidos pela Nutrição Clínica busca dar suporte a profissionais de saúde em toda a América Latina. Essa iniciativa oferece ferramentas de suporte práticas, on-line e off-line, guiadas por dados, de forma a proporcionar a melhor prática possível para a nutrição clínica de pacientes criticamente doentes. Para saber mais, visite o www.unidospelanutricaoclinica.com.br.

1. Papapietro Vallejo K, Méndez Martínez C, Matos Adames AA et al. Current Clinical Nutrition Practices in Critically Ill Patients in Latin America: A Multinational Observational Study. Crit Care 2017; 21 (1), 227. DOI: 10.1186/s13054-017-1805-z |2. Correia MI, Waitzberg DL. The impact of malnutrition on morbidity, mortality, length of hospital stay, and costs evaluated through a multivariate model analysis. Clin Nutr 2003;22: 235–9. | 3. Norman K, Pichard C, Lochs H, Pirlich M. Prognostic impact of disease-related malnutrition. Clin Nutr 2008:27:5‒15. | 4. Sorensen J, Kondrup J, Prokopowicz J, et al. EuroOOPS: an international, multicentre study to implement nutritional risk screening and evaluate clinical outcome. Clin Nutr 2008;27: 340–9. | 5. Lim SL, Ong KC, Chan YH, Loke WC, Ferguson M, Daniels L. Malnutrition and its impact on cost of hospitalization, length of stay, readmission and 3-year mortality. Clin Nutr 2012; 31:345–50. | 6. Waitzberg DL, Caiaffa WT, Correia MI. Hospital malnutrition: The Brazilian national survey (IBRANUTRI): A study of 4000 patients. Nutrition 2001; 17:573–80. |7. Fontes D, de Vasconcelos Generoso S, Correia MI. Subjective global assessment: A reliable nutritional assessment tool to predict outcomes in critically ill patients. Clin Nutr 2014;33: 291–5.